sábado, 20 de agosto de 2011

A cidade do século XIX - Guido Zucconi


O século XIX trouxe inúmeras mudanças para cidade, como pode ser observado em diversas passagens do texto de Zucconi em que ele disserta acerca de diferentes características da cidade e suas implicações, seja com novas tipologias urbanas, o crescimento urbano, a idade o desenvolvimento dentre outros, gerando diversas expressões como explicita o autor: cidade da revolução industrial, cidade na época da expansão, cidade do progresso técnico ou cidade do ciclo haussmaniano.
De fato o século XIX configurou mudanças fundamentais na história, inclusive mudanças arquitetônicas, artísticas, e culturais como fica explicitado no texto de Zucconi e nas explicações aprofundadas de Peter Blundell Jones um historiador e arquiteto que teve auxilio em suas pesquisas de Iain Borden historiador e teórico a respeito do tema.
As mudanças ocorridas no século XIX ocorreram mesmo antes da Primeira Guerra Mundial, evento que gerou implicações profundas no futuro de várias nações européias, e foco principal e gerador de dois principais acontecimentos descritos no texto a cidade do século XIX. A revolução Russa e o Construtivismo Russo.
A população européia já chegava aos 473 milhões de habitantes mais que o dobro dos cerca de 190 milhões calculados cem anos antes. Segundo texto ‘’A cidade do século XIX’’o surpreendente crescimento demográfico comprometeu, de maneira desigual as diversas áreas da Europa afetando principalmente a Inglaterra, França e Bélgica. Porém esse grande contingente de pessoas gera problemas básicos como de salubridade e alimentação, configurando os motivos que nos leva ao nosso primeiro evento a Revolução Russa.
A Revolução Russa de 1917 ocorreu devido a uma série de eventos políticos no país e por diversos problemas com a população que pressionava cada vez mais o governo cobrando um maior apoio para as questões sociais. Após a eliminação da autocracia russa, e depois do Governo Provisório (Tataks), resultou no estabelecimento do poder soviético sob o controle do partido bolchevique. O que levou a criação da União Soviética.
Eventos como esse inspiraram diversas pessoas  o que gerou a multiplicação do número de  metrópoles , caracterizando o ciclo da urbanização do século XIX.Segundo dados do livro de Guido Zucconi ‘’ A cidade do século XIX ‘’, em 1914 são 22 as cidades que alcançaram 1 milhão de habitantes  enquanto no início do século XIX só Londres tinha essa população.
            Esse processo é considerado euro centrista que se irradia a partir de portos localizados no atlântico e também no mediterrâneo através das rotas de comércio internacional. Porém não somente a Europa começou esse processo de expansão populacional a América dá sua contribuição não somente quantitativa, mas também inicia um novo modelo de metrópole que chega a Nova York e Chicago e se difundem a partir de 1880.
            Não somente o crescimento da população é um fator observado, mas também a indústria e o crescimento urbano, especialmente a Grã-Bretanha que salta aos olhos como um caso precursor desse processo principalmente entre 1750 1800. Na curva de um século e meio a população das ilhas britânicas aumentou seguindo um ritmo exponencial. Nesse quadro de expansão um fator muito importante é observado em todos os lugares, o grande número de incrementos da população a fez crescer de maneira desigual o que favoreceu o crescimento de centros urbanos em detrimento do campo. O desenvolvimento dos transportes e a expansão nos intercâmbios canalizavam produtos e também a população aos grandes centros produtivos. Na Inglaterra porem a situação é diferente, são desenhadas hierarquias urbanas totalmente novas. Nos mapas novos são evidentes os centros industriais e ao lado deles as cidades portuárias com cidades cuja vocação comercial é mais emergente. Um fato interessante é que além da própria capital, existem também cidades co funções de capital administrativa.
            Porém problemas relacionados a esse novo sistema implantado pela Inglaterra foram percebidos, esse macroscópico processo de desenvolvimento foi percebido de maneira negativa. O fenômeno de concentração em poucos centros foi lido como perverso dentro do que era a industrialização.
Nesse período a aglomeração urbana criava uma serie de problemas relacionados a salubridade , degradação material e moral. Porém se a população do Reino Unido mais que duplicou nos cem anos seguintes e, portanto podemos constatar um sensível aumento nas condições de vida da população, como melhor alimentação, melhores condições sanitárias e melhor instrução.
Um fato interessante é que o extraordinário processo de crescimento e de concentração urbana é atribuído a revolução industrial. Nesses casos falar de cidade do século XIX significa falar da ‘’Cidade na época da Revolução Industrial.
            Temos nesse processo, A Itália que se destaca constituindo um exemplo extremo marcado por um desenvolvimento que se utiliza inteiramente de malhas de cidade preexistentes.
 Na primeira parte do século XIX, por exemplo, a Itália possui somente um grande centro, Nápoles cujo fluxo demográfico aparece rapidamente em regressão relativa e isso não é somente em relação às próprias cidades italianas que adotaram o mesmo sistema, mas também em relação às cidades européias.
            Neste ponto o texto aborda diversas passagens de cidades que tiveram um crescimento urbano que foge do da normalidade, representando um ‘’boom’’ no crescimento demográfico, aborda também a importância de cidades como Dusseldorf e Essesn que ultrapassaram a marca dos trezentos mil habitantes.

            A partir desse ponto são tratadas as novas tipologias urbanas como é o caso das cidades empresariais que são centros auto-suficientes com nada em volta fundados pela presença dominante de um estabelecimento industrial. Outro exemplo é a cidade-fábrica que é totalmente nova criada pelo industrial ‘’Eugène Schneider’’ bem o centro da França.
            Entre as novas tipologias urbanas, existem também as cidades termais como Biarritz,  Vichy e Aix-le Bains alguma cidades francesas mais renomadas .

            A Idade do desenvolvimento e abordada e principalmente caracterizada após 1850 em que novos fluxos e excedentes demográficos tenderão a solidificar-se nas proximidades de alguns nós ferroviários, industriais e portuários, e, não e poucos casos corresponderão às tradicionais capitais administrativas. Essa será uma das principais características do século XIX, que irá assumir ritmos ainda mais intensos no século seguinte
Em 1914, entre as oito metrópoles mundiais figuravam seis cidades européias: entre elas, todas as capitais dos maiores Estados  ( em ordem Londres , Paris , Berlim, Petersburgo e Viena). Nessa época podemos deduzir que a cidade não e mais um organismo estático, ela agora aparece como m organismo em movimento que pode ser mediada ampliada e principalmente modificada. Um exemplo bem simples presente no texto de Guido Zucconi é se a cidade parecer cheia de gente poderá se submeter  a  terapias radicais. Própria cidade se torna em outras palavras um objeto do furor que anima o homo faber, como coloca o autor, do século XIX.
E evidente que processos como esse demandam adaptações as novas necessidades e obviamente nada tem de natural, mas se conecta com essas ambições demiúrgicas.
O primeiro elemento a ser observado nessa fase foi o impacto de uma ferrovia principalmente na segunda metade do século. Esse extraordinário objeto aparece por volta de 1830 como curioso meio de locomoção  e devido às suas possibilidades acaba se tornando alem de um curioso meio de locomoção, parte de um sistema de comunicação.
Todas essas transformações geraram grandes mudanças nas edificações os chamados edifícios símbolos do antigo equilíbrio que se apresentam como subespécie de vínculos materiais  a serem movidos para alcançar objetivos de desenvolvimento e de adaptação.
Porém com o passar do tempo as cidades ficam exauridas ou de qualquer forma transformadas e, portanto as antigas referências da cidade que desaparecem e tornam-se paradoxalmente as bases da nova cidade que surge no horizonte ao lado de edificações demolidas ou transformadas.

Posteriormente a esse processo é observada uma tendência ao progresso que atinge também as cidades do Império Asbúrgico da Prússia, da Escandinávia, dos países Bálticos e Cárpatos, o mesmo processo também é observado no mundo veneto-italiano como explica o autor do texto da costa oriental do Adriático ou nas comunidades alemãs das cidades bálticas.em virtude de tantos progressos atingindo diversos lugares  as conseqüentes aberturas terão conseqüências particularmente fortes : uma vez que eliminadas as demarcações tradicionais , a identidade do centro urbano será redefinida em relação a um entorno que esteve excluído por muito tempo.
Enfim a noção de cidade não será mais associada a um complexo de elementos estáticos herdados do passado: não é mais um cenário fixo no qual somente os militares e os detentores de um poder absoluto podem intervir para remodelar as relações de representação, os perímetros de defesa.
O século XIX representa uma fase de transição entre um antigo regime, marcado por delimitações férreas e a plena atuação do principio segundo o qual os homens e produtos podem circular livremente.


Associada à queda do limite urbano a demolição das muralhas marca de modo espetacular a passagem entre idade moderna e contemporânea, condicionado a legislação e simbologia além da toponomástica. A função das muralhas em torno da cidade não apresentam mais um sentido relacionado a defesa e portanto perde seu sentido funcional não tendo mais motivo para existir. O problema após 1815 de redimensionar os bastiões é posto de maneira mais decisivo, mesmo onde não existem necessidades particulares de crescimento após séculos de estagnação ou contração demográfica.
Um fato interessante é que mesmo depois da diminuição das demolições das muralhas sua delimitação física é drasticamente reduzida graças a uma serie de intervenções.
Entre 180 e 1930 é possível perceber uma segunda fase de demolições. Porém em muitas cidades italianas essas demolições são limitadas pela falta de recursos. No entanto uma vez demolida as velhas muralhas, torna-se prioritário o problema de redefinição do novo aglomerado urbano em todo o seu conjunto e em particular, torna-se necessário estabelecer com precisão o limite entre a cidade e seu entorno.
Após a remoção do velho anel de muralhas a expressão cidade parece transformada: remete a uma entidade única e que muitas vezes resulta composta por partes diferentes.
Desse ponto em diante o autor começa fazer afirmações sobre Paris e Haussmann e como paris brilha sobre todas as outras cidades do mundo e como muitos a identificam como a idéia de cidade-capital e de metrópole.
Um bom exemplo dessa supremacia de Paris são as fases quais se dividem a realização dessa grande malha metropolitana. São três fases denominadas de primeiro réseau traçado em 1855, o segundo réseau em 1858 e por fim o terceiro réseau  por volta de 1860.

Paris representa o caso extremo de desenvolvimento promovido pelo sistema público no qual tudo, do desenho das plantas ao ciclo de investimentos, foi ativado pela ação do estado. É um modelo que podemos definir dirigista porque a iniciativa privada é chamada para se inserir em um quadro predeterminado e imposto do alto.
Na outra metrópole isto é em Londres que vai ser agora o foco do autor Guido Zucconi , os termos parecem ser invertidos : aqui as dinâmicas de crescimento e de transformação derivam diretamente dos desenhos das propriedades fundiárias e da ação dos investidores mobiliários.
Na ausência de um esquema urbano geral o proprietário se torna aval de uma ordem geral.
A partir de 1750 os grandes estate londrino como define o autor, tomam forma segundo um modelo constante um square no centro, embelezado por um jardim condominial, constitui a única exceção na malha de ruas e frentes regulares.
Em Londres prevalece uma dialética onde os fatores se invertem: à desordem da grande rua  se contrapõe a ordem da malha edilícios , governada pelas normas inflexíveis dos regulamentos edilícios e da lógica imobiliária.
Nessa etapa do texto Guido Zucconi realiza uma comparação de Londres e paris com nos mesmos moldes anteriores principalmente em relação ao modelo desenvolvimentista.

No decorrer do XIX é possível perceber que a cidade é ilustrada pela primeira vez como sendo uma instituição autônoma, não é mais representada simplesmente como no passado, mas completa.
Segundo Guido indagar é a palavra-chave, reflexo de uma ambição evidente que reproduza o método positivo. Particularmente após 1850, esse novo modo de olhar a cidade oferece um campo de ação com diversas formas de especialização.

Como afirma Cattaneo:
‘’A cidade é o princípio da história. ‘’

                                                    Anderson Vinicius

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