quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O Urbanismo - Françoise Choay

Françoise Choay sintetiza propostas de planejamento que, desde o século XIX, buscaram uma solução dos problemas sucedidos da Revolução Industrial nas cidades.

A partir do século XIX surgem as primeiras propostas com o objetivo de solucionar problemas originados pelo elevado crescimento populacional proporcionado pela industrialização. "(...)a revolução industrial é quase imediatamente seguida por um impressionante crescimento demográfico das cidades, por uma drenagem dos campos em benefício de um desenvolvimento urbano sem precedentes (...)", "Londres passa de 864 845 habitantes em 1801 a 1 873 676 em 1841 e 4 232 118 em 1891" (pag. 3). Nas velhas cidades da Europa, a transformação dos meios de produção e transporte, assim como a emergência de novas funções urbanas contribuiram para a transformação das cidades medievais e barrocas.

Dois modelos, de base utópica, procuram dar respostas à desordem urbana. O modelo progressista defende a ideia de espaços amplamente abertos, rimpido por vazios e verdes. O espaço urbano é traçado conforme uma análise das funções humanas de maneira a impressionar e satisfazer a visão. Arranjos novos, simples e racionais substituem as disposições e ornamentos tradicionais. Este modelo representa um padrão esparso de ocupação rompendo com a densidade já comuns dos centros das cidades industriais.

O modelo culturalista tem como ponto de partida não mais a situação do homem no sentido individual, mas o agrupamento humano. Têm-se como refêrencia a cultura e não mais o progresso. O planejamento do espaço urbano será feito de acrodo com modalidades menos rigorosamente determinadas. As dimensões das cidades são modestas, inspiradas nas cidades medievais.

Ambos modelos vislumbram a solução dos problemas existentes na cidade industrial por meio de modelos,  extraindo-a da temporalidade concreta e tornando-a utópica. "São modelos de modelos" (pag. 15).

Surgido então no século XX, o urbanismo deixa de inserir-se numa visão global da sociedade, o urbanismo é agora despolitizado. Tal transformação é explicada pela evolução da sociedade industrial nos países capitalistas. Além disso, as ideias começaram a ser aplicadas, ao invés de serem apenas projetos utópicos. Porém o urbanismo do século XX reencontra-se com os dois modelos do século XIX, desta vez de forma modernizada.

A partir de 1928, o modelo progressista encontra seu orgão de difusão num movimento internacional, o C.I.A.M - Congresso Internacionais de Arquitetura Moderna). E em 1933, é divulgada  a "Carta de Atenas", expressando as doutrinas do movimento. Tendo como principal ideia a modernidade tanto na indústria quanto na arte; porém o foco agora era na técnica e na estética e não mais nas estruturas sociais e econômicas.

A estética manisfesta-se na importância atribuída à saúde e à higiene, resultando na abolição da rua, isolamento de prédios - favorecendo o sol e o verde. A maioria dos urbanistas preconizarão a construção elevada, substituindo a continuidade dos velhos imóveis baixos por um número reduzido de unidades. Agora ao invés de pedaços de espaço livre desempenharem o papel de figuras sobre o fundo construído da cidade, o espaço se torna fundo, meio no qual se desenvolve a aglomeração nova.


Flávio Silva.

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