sábado, 27 de agosto de 2011

A visão Embaçada da Sociedade



- Ao ver mais um capítulo da mesma novela, uma mãe fica indignada ao ver um filho de uma personagem se inserir no mundo das drogas, ao passo que nesse mesmo momento, seu próprio filho está nas ruas fazendo uso de químicos. –
- Durante o intervalo de um programa, ou em meio às páginas de uma revista, um anúncio escandaloso de um produto qualquer foi tão bem elaborado que te convence que ele é imprescindível e o melhor do mercado. –
 
O que acontece nessas situações claramente é uma realidade da transformação da realidade em ficção(primeiro caso) e da ficção em realidade (segundo caso).
No primeiro caso, uma mãe está tão entretida em um enredo de uma história inventada, que mal percebe, por exemplo, o trama televisivo ocorrendo em sua própria família. É uma espécie de abstração da realidade. Como se o que acontece lá, não aconteceria na vida dela ,e está na vida do próprio filho. É a transformação da realidade em ficção.
No caso do anúncio do produto, há a confusão invertida, pois o propagandista convence ao consumidor da necessidade do produto anunciado, e de sua qualidade superior, como se ter aquele produto fizesse parte da vida natural. É onde a ficção se torna realidade.
A confusão da sociedade com esses dois termos foi demonstrada detalhadamente por Guy Debord, em “A Sociedade do Espetáculo” de 1967.
Os meios de comunicação em massa estão dominando a mente da sociedade, que prefere a imagem e a representação ao realismo concreto e natural, a aparência ao ser, a ilusão à realidade, a imobilidade à atividade de pensar e reagir com dinamismo.
O livro de Debord é constituido de uma crítica radical contra essa influência dominante que leva o homem à apatia e aceitação dos valores pré-estabelecidos pelo capitalismo.
As pessoas abdicaram de suas duras realidades para viver uma vida de ilusões e distrações apresentadas pelos fatos, noticias e produtos que lhe foram empurrados. Foram obrigados a “engolir” as coisas que a comunicação em massa lhes proporcionou, sem direitos a pensar em escolhas nem recusas.
Atravéz dessa situação, a produção do isolamento e a separação social se fazem presentes no cotidiano das pessoas e a vida contemporânea é invadida pelas imagens.

A total desinformação da sociedade, regida pela imprensa manipulatória seria um mau uso da verdade, pois o realidade não é superexposta, sendo demonstrada de maneira partidária. O que cabe muito bem àqueles que saem beneficiados, já que essa desinformação é fruto de um total desinteresse na verificação dos fatos.
Grande parte da modernidade e da sociedade atual ainda podem ser incluídas na mesma definição de sociedade do espetáculo descrita por Debord, preenchidas por uma falsa sensação de preenchimento e satisfação, na realidade, falta de liberdade de escolha.


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